"Vou fazer um Instagram para reunir cartas escritas por mulheres, mães ou não, de apoio, de afeto, de encorajamento e de confiança para quem está gestando nesse momento de incerteza"
Antes de dormir, criei a identidade do canal, fiz o primeiro post e convidei algumas pessoas para enviarem suas cartas. A pandemia tinha acabado de se instalar entre nós e, mesmo sem saber se a iniciativa daria certo e apesar da dificuldade de tocá-la sozinha e conciliá-la com as demandas da minha bebê, eu sentia necessidade de agir e de contribuir de alguma forma com o momento.

Aos poucos, as cartas foram chegando e, para minha surpresa, as próprias gestantes sentiram o chamado para participar da iniciativa. Viram no convite à escrita uma oportunidade para compartilharem suas histórias e os sentimentos experimentados diante de uma gestação atravessada por um contexto impensável.
E por que cartas?
A carta sempre foi um tipo de escrita muito feminino, um território de prazer e uma licença possível à existência das mulheres em um mundo no qual, durante séculos, o acesso à leitura e a escrita nos foram proibidos.
A carta também é um espaço precioso de aproximação com o "eu" interior e um poderoso recurso de escrita para afirmação, reconhecimento e expressão da própria voz.